Inari Ōkami (稲荷大神) – A divindade da Prosperidade

Inari Ōkami (稲荷大神) é uma das principais e mais misteriosas divindades do Xintoísmo no Japão. Representa prosperidade e sucesso. É o Kami (deus) protetor do cultivo de arroz, garantindo abundante colheita, sendo considerado patrono dos agricultores e comerciantes.

A divindade tem muitas formas atribuídas a sua imagem, porém, independente da figura associada, é sempre retratada acompanhada por duas raposas brancas (myōbu), o animal é considerado seu guardião e mensageiro. Inari é até hoje um dos deuses mais cultuados, tanto nas crenças xintoístas quanto budistas. Em sua homenagem foram criados inúmeros templos e lendas por todo território nipônico.

Inari Ōkami: A Origem das lendas

Segundo a lenda, Inari foi adorado pela primeira vez em meados do século VIII d.C após uma surpreendente descoberta por um aristocrata chamado Hata no Irogu. Um certo dia, Irogu estava praticando arco e flecha usando como alvo um mochi (bolinho de arroz glutinoso).

Ao atingir diretamente o alvo, o mochi se transformou magicamente em um enorme e belíssimo Tsuru (ave de plumagem branca símbolo de mocidade eterna e felicidade plena) e voou para longe. Irogu seguiu insistentemente o cativante pássaro que eventualmente pousou no alto da Montanha. E mais uma vez, Irogu presenciou um fenômeno mágico, das penas da criatura encantada, um extenso e exuberante plantio de arroz se formou.

Irogu acreditou no evento como uma mensagem divina. No local onde o pássaro havia pousado, fundou um santuário dedicado ao chamado “Inari”, venerado como deus da agricultura e do arroz, alimento básico do antigo Japão e vital para a vida de todos, deste do pequeno fazendeiro até o grandioso Imperador, ampliando a popularidade do novo deus.

Alguns dizem que o nome Inari (“transportador de arroz”) nasceu dessa história. Essa lenda marca o surgimento e propagação da imagem de Inari e a construção do Santuário Fushimi Inari, descrita no “Yamashirokoku Fudoki”, um antigo relatório sobre cultura provincial e tradição oral, com registros históricos, mitológicos e folclóricos apresentado aos Imperadores.

Inari e Ukemochi: O Mito da Deusa dos Alimentos

Há muitas lendas que envolvem Inari Ōkami, um dos principais deuses na mitologia japonesa. Segundo a crença antiga, todo ano, no início da Primavera, Inari desce da sua residência de Inverno, no alto da montanha, para abençoar o cultivo das plantações de arroz e retorna ao seu lar no Outono. Ambos os eventos são celebrados em populares festivais folclóricos nipônicos.

Uma das muitas histórias conta sobre um habilidoso ferreiro chamado Sajou Munechika. Certo dia, Munechika recebe ordem do Imperador Ichijō (980-1011) para manufaturar uma katana (típica espada japonesa) da mais alta qualidade e beleza, assim como deslumbrou em seu misterioso sonho. O ferreiro sente-se muito honrado por ter sido escolhido para tão prestigiosa tarefa. No entanto, sem um assistente para ajudá-lo que se iguale a seu talento, não seria possível forjar uma perfeita obra-prima, digna do Imperador.

Assim, Munechika decide visitar o Santuário Fushimi Inari nas proximidades, para pedir auxílio da deidade guardiã do seu clã. Enquanto atravessava pelos portais vermelhos, um jovem menino interrompe seu caminho. Estranhamente, o desconhecido menino parecia conhecer suas incertezas e preocupações, assim como sua missão imposta pelo Imperador. Em meio à conversa que se trava, o menino encoraja-o continuar a contar sobre a dignidade da arte do artesão de espadas, oferecendo ajuda ao ferreiro.

Na manhã seguinte, Munechika, bastante determinado, faz todos os preparativos para seu novo projeto. O menino, como prometido, apresenta-se diante dele como seu ajudante, porém, neste instante, transforma-se e revela sua verdadeira forma, se proclamando Inari e anunciando que juntos farão a mais bela e digna de todas as espadas.

Após o árduo trabalho, a lâmina mostrou-se magnífica, assinada com o nome de Munechika e nomeada em gratidão à assistência da deidade de “Kogitsune-maru” (pequena raposa/símbolo do Santuário Fushimi Inari), ao terminar a inscrição, Inari já não estava mais lá. No dia seguinte, o espadachim entregou com orgulho a espada apelidada de Kogitsune-maru para o mensageiro Imperial.

O paradeiro da lendária espada “Kogitsune-maru” é incerto. Existem menções à espada que foi passada por várias gerações e diferentes famílias em relatos antigos, e muitos santuários afirmam ter a legítima espada, mas não há nada que comprove sua veracidade.

Em um dos relatos, o regente da poderosa família Kujō, sobre posse da suposta espada, durante uma forte tempestade a aponta em direção ao céu tormentoso, acreditando que com o poder da Kogitsune-maru poderia pará-la, mas é atingido por um raio através de sua ponta. Acredita-se que, se aconteceu de fato o episódio, a espada deve ter sido destruída ou pelo menos fortemente danificada naquele momento.

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